O acordo surge em um momento de tensão entre as duas maiores economias do mundo, especialmente no setor de tecnologia (Aly Song/Reuters)
Repórter
Publicado em 10 de junho de 2025 às 20h53.
Última atualização em 10 de junho de 2025 às 21h16.
Estados Unidos e China anunciaram nesta terça-feira, 10, que chegaram a um consenso sobre um novo marco regulatório para suas relações comerciais e tecnológicas. Os avanços foram realizados durante reuniões em Genebra.
Segundo a Bloomberg, o acordo, batizado de consenso de Genebra, busca reduzir tensões e estabelecer diretrizes para cooperação em áreas estratégicas como semicondutores, inteligência artificial e cadeias de suprimentos críticas.
“Chegamos a um marco para implementar o consenso de Genebra”, declarou o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, a jornalistas em Londres.
Já o principal negociador comercial da China, Li Chenggang, afirmou que as delegações dos dois países agora levarão a proposta para avaliação de seus respectivos líderes (Donald Trump e Xi Jinping), após dois dias de discussões que somaram quase 20 horas em uma mansão próxima ao Palácio de Buckingham.
O novo marco prevê a criação de grupos de trabalho bilaterais, com reuniões regulares, para tratar de temas sensíveis e evitar escaladas tarifárias ou sanções unilaterais como vinham acontecendo, o que azedou bastante o humor dos mercados globais.
O acordo surge em um momento de tensão entre as duas maiores economias do mundo, especialmente no setor de tecnologia. Washington tem imposto restrições à exportação de chips avançados para empresas chinesas, enquanto Pequim responde com medidas de controle sobre matérias-primas estratégicas, como o gálio e o germânio, fundamentais para a fabricação de chips e outros dispositivos eletrônicos.
Embora o consenso represente um avanço diplomático, analistas ouvidos pela Bloomberg alertam que o sucesso do consenso de Genebra dependerá da implementação prática e da disposição política de ambos os lados em manter o diálogo aberto. O histórico recente de desconfiança mútua e medidas unilaterais ainda pesam sobre a relação Pequim-Washington.
O Departamento de Estado dos EUA afirmou que o acordo “não elimina as diferenças estruturais”, mas cria um canal institucionalizado para tratá-las. Já o Ministério do Comércio da China destacou que o entendimento “reflete maturidade e responsabilidade” das duas potências em um cenário global instável.